Quem é você, na essência?

 

Quem é você, na essência?

Pedro Virgínio P. Neto
 
"Conhece-te a ti mesmo". Esta era a inscrição presente no templo de Delfos, na antiga Grécia, a qual serviu de parâmetro para a filosofia de Sócrates e que está subjacente à quase totalidade das tradições espirituais e filosóficas que o mundo já conheceu. No cristianismo mesmo, a caminhada ao lado de Deus e do seu Cristo passa pela consciência de nossa própria natureza. Assim, é razoável que perguntemos a nós mesmos: "Quem sou eu, na essência?".

A pergunta não se refere, neste momento, à essência no sentido transcendente ou espiritual. Mas, quero referir-me a essência de personalidade. Afinal, que pessoa sou eu? Quais as linhas básicas de minha personalidade? Que valores positivos me impulsionam à ação e que valores negativos me paralisam ou me põe em estado de angústia? Com que propósito vivo eu? Que papel quero desempenhar no mundo? Que legado pretendo transmitir e a quem? Qual a minha vocação e que deveres "me chamam"? 

Todas estas perguntas nos conduzem em direção à síntese de quem somos, na essência. A muitos, esta parece uma pergunta sem sentido: "Que pergunta mais besta!" Dirão. "É claro que sei quem sou. Sou joão; sou maria; sou Pedro. Sou trabalhador, contribuinte. Sou um pagador de contas. Sou pai e sou mãe, que me preocupo e me sacrifico". 

Todas estas características não respondem a questão de quem somos na essência, apenas o que fazemos. Agora, já em estado de angústia, você pergunta: "Como posso descobrir minhas raízes?". 

A resposta para "quem sou na essência" será encontrada quando formos capazes de responder a outra pergunta: "por que faço o que faço e do jeito que faço?". Na raiz desta questão estão os profundos valores que nos movem.

  • Faço pelo dinheiro que recebo, quando faço. (Abundância de posses e sensação de poder)
  • Faço pelo senso de segurança que desfruto, quando faço. (segurança e conforto)
  • Faço pelo senso de importância e de sentir-me  útil no mundo (Utilidade e importância)
  • Faço  porque quando  faço sou mais aceito ou aprovado (Aceitação e reconhecimento)
  • Faço porque quando faço sou tomado pela sensação de dever cumprido (Dever e correção)
Todas estas linhas não constituem uma fórmula e, tão pouco, esgota toda a gama de valores que, possivelmente, movem os seres humanos. O importante é perceber que se duas pessoas doam uma esmola, embora a ação seja a mesma, as raízes podem ser diferentes. 

Os valores são como as raízes ocultas de uma árvore. A maior parte das árvores (quero dizer, das pessoas) pouco conhecem ou ignoram completamente "suas raízes" (quero dizer, seus valores profundos). Vale ressaltar que somos mestres do autoengano. Pode ser difícil para nós admitir que certo valor é nosso motor mais potente. Por isso é preciso profunda reflexão e sinceridade para consigo mesmo.

Uma vez que tenhamos identificado nossas "raízes", poderemos começar a tentar fazer a síntese e responder a pergunta "quem sou eu na essência?".  

Nenhum valor, em si mesmo, nos leva a fazer bem ou mau. Eles apenas constituem a nossa natureza básica. Tendo consciência de nossas "raízes" podemos orientar de modo muito mais consciente nossa estadia no mundo. 


Responda para si mesmo, numa folha de papel: 

QUEM SOU EU, NA ESSÊNCIA? 

DESCREVA AS COISAS QUE FAZ E COMO FAZ. (SEUS FRUTOS)

PERGUNTE-SE PORQUE FAZ O QUE FAZ (AS RAÍZES DE SEUS FRUTOS)

Termino desejando-lhe uma excelente viagem ao seu mundo interior.




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