Os desafios da educação em face da neurodiversidade: Considerações sobre O Autismo
Os desafios da educação em face da neurodiversidade:
Considerações sobre o Autismo
Prof. Pedro Virgínio
P. Neto
O
avanço dos estudos em neurociências tem possibilitado compreender mais ampla e
profundamente os processos de desenvolvimento e aprendizagem humanos.
Esses
estudos têm demonstrado que algumas pessoas não seguem a rota típica do
neurodesenvolvimento, apresentando diferentes modos de perceber, de interagir e
de apreender a realidade. São os neurodivergentes.
São
indivíduos que tem um desenvolvimento neurobiológico atípico e apresentam
"características de funcionamento cerebrais diferenciadas em relação ao
que se aceita como padrão".
Defendem
alguns pesquisadores que essas neuroatipias não devem ser consideradas como
doenças, pois não estão sujeitas a intervenções de cura. Devem, antes, ser
entendidas como "modos específicos de ser" que representam, também,
diferentes modos e ritmos de aprendizagem.
Entender
esses diferentes modos e ritmos é importante para que possamos desenvolver e
aplicar métodos de ensino e avaliação mais adequados ao desenvolvimento dos
potenciais de aprendizagem dessas pessoas.
Dentre
esse conjunto de neuroatipias destaca-se o Transtorno do Espectro Altista
(TEA), o qual é definido como um "Transtorno do neurodesenvolvimento",
que afeta áreas do cérebro relacionadas à comunicação social, linguagem e
comportamentos.
A
primeira grande barreira a ser enfrentada é a do diagnóstico. Estima-se que
haja no mundo mais de setenta milhões de pessoas com TEA. No Brasil, estima-se
algo em torno de seis milhões. Fato é que o número de diagnósticos é
crescente e a presença de pessoas com TEA nos mais diferentes ambientes é
notável. Decorre daí a necessidade de uma maior atenção de famílias e educadores
para a percepção dos sinais característicos do TEA, tendo em vista a promoção da
inclusão social e pedagógica desses indivíduos.
Caracterizando o Autismo
O
Manual de Diagnóstico e estatístico de Transtornos mentais de 2014 (DSM-V) aponta
como sendo características do Transtorno do Espectro Autista a presença de déficits
persistentes no campo da comunicação, da interação e reciprocidade social. Bem
como padrões restritos e repetitivos de comportamento e interesses.
O
espectro é um continuum, como uma régua, que inclui sintomas que vão de
manifestações leves a severas. O DSM-V inclui nesse espectro o Transtorno
Autista, o Transtorno de Asperger e o Transtorno global do desenvolvimento. Uma
avaliação precisa de cada caso deve, pois, ser feita por profissionais
competentes. São Transtornos diferentes, mas postos pela referida obra sob
um mesmo “guarda-chuva”, posto que a pesar das diferenças, muitos são os sinais
em comum.
Sinais a serem observados
Para
tornar a observação mais fácil, reuni alguns dos sinais mais indicativos da
pessoa com TEA, de acordo com publicações especializadas. Evidentemente um mero
checklist não nos habilita para emitir diagnósticos. Mas pode guiar o olhar do
observador comum, sejam professores ou familiares, para perceber os sinais
característicos do TEA:
ü Atraso na aquisição
da linguagem e da fala.
ü Pouca ou nenhuma
manutenção de contato visual.
ü Isolamento social
persistente em relação às pessoas de sua própria idade.
ü Muita sensibilidade a
sons e texturas ou outros estímulos.
ü Comportamentos
repetitivos e pouco comuns.
ü Interesses restritos
e persistentes por coisas muito específicas.
ü Comunicação sempre voltada
para atender necessidades imediatas, sem intuito de socialização.
ü Manipulação das mãos
ou dos dedos de modo incomum.
ü Comportamentos
ritualizados, repetitivos. Organização padronizada de objetos.
ü Focalização e
manipulação de objetos por longos períodos de tempo.
ü Ausência incomum de
"sorriso social". O sorriso que visa tão somente o contato
social.
ü Tendência a
demonstrar excelente memória para determinados tipos de informação relacionada ao
seu restrito campo de seu interesse.
Esses
são alguns sinais comumente observados no comportamento das pessoas com TEA.
Contudo, cada indivíduo é único e nem todos apresentam todos estes sinais em
seu comportamento. Com o próprio desenvolvimento da criança habilidades vão
sendo desenvolvidas e podem minimizar e controlar alguns desses comportamentos,
compensando esses déficits.
O
diagnóstico precoce é de grande importância, posto que muitos desses sinais
manifestam-se já nos primeiros meses de vida da criança e vão se tornando mais
evidentes ao longo do primeiro e segundo anos.
Para
tanto se faz necessário o olhar atento dos pais, familiares e dos professores
no ambiente escolar, para que os encaminhamentos possam ser feitos aos
profissionais competentes para o diagnóstico correto.
Em
suma, que a neurodivergência não seja encarada como sinônimo de incapacidade e
que as pessoas portadoras de tais transtornos, inclusive o TEA, encontrem a
oportunidade para o seu pleno desenvolvimento, na dimensão das suas
peculiaridades.
Prof.
Pedro Virgínio Neto, Graduado em História, Filosofia e especialista em
Psicopedagogia e Gestão escolar.
(https://roteirosdeaprendizagem.blogspot.com/2022/01/como-administrar-melhor-nosso-tempo.html)
Referências
DSM
5, 5ª Edição.
<<https://www.institutopebioetica.com.br/documentos/manual-diagnostico-e-estatistico-de-transtornos-mentais-dsm-5.pdf>>.
Acesso em 21 de setembro de 2023.
Guia
de informações sobre TEA. Edições INESP, 2018. Câmara Legislativa do Estado do
Ceará.

Comentários
Postar um comentário