Toda educação é autoeducação
Toda educação é autoeducação
Pedro Virgínio P. Neto
“O Criador começa e a criatura acaba a criação de sí própria. ” Rui Barbosa
Toda
educação, é autoeducação. Isto é verdadeiro porque, todo aprender, que
seja digno de ser denominado “educação”, só acontece em um contexto e em
uma relação de liberdade, onde o discípulo, que deseja verdadeiramente
aprender, coopera com o mestre. De outra forma, não há educação, mas
adestramento, condicionamento ou confronto.
Evidentemente,
todos nós, no início de nossas jornadas de aprendizagem, precisamos de
mestres e tutores muito presentes. É verdade, também, que continuamos a
precisar de mentores ao longo de toda a vida.
No
entanto, à medida em que se desenvolve a nossa personalidade e ganhamos
consciência cada vez mais ampla do mundo e de nós mesmos como seres
distintos e autônomos, dotados de visão própria e poder de decisão,
vamos nos tornando cada vez mais capazes de promover nossa autoeducação.
Nessa
perspectiva, a autoeducação é mais que um meio para se atingir um fim,
tal como “passar no vestibular” ou conseguir um emprego. A autoeducação
assume a forma de um estilo de vida, de autotransformação, tornando-se
um dos propósitos centrais da vida do indivíduo.
Na
visão de Aristóteles, o ser humano é, por natureza, destinado ao
conhecimento. É da essência do homem o impulso de conhecer o mundo que o
rodeia e conhecer a si mesmo. Dito de outro modo, o ser humano é dotado
de potencial para o conhecimento e para a aprendizagem.
Dentro
de todo ser humano há uma capacidade adormecida, que é despertada à
medida em que ele entra em contato com o mundo. Uma vez nascido, o ser
humano, esse potencial vai sendo atualizado, progressivamente, por toda a
sua existência, tal como uma semente que, uma vez brotada, gera uma
árvore, que gera novas sementes, que geram novas árvores, num processo
ininterrupto. Assim é o aprendizado humano.
Logo,
a base sobre a qual se funda a educação humana, é este potencial que
não para de atualizar-se. Esta capacidade de aprender sempre. Falo da
aprendizagem consciente, fruto de uma ação educativa intencional.
Tal
como a semente, o homem é dotado de um potencial que pode ser
atualizado. Diferentemente, contudo, adquire progressivamente
consciência de si e do mundo.
Percebe
aos poucos que possui desejos distintos e convicções diferentes do
grupo de pessoas que o cerca. Percebe também que é dotado de uma vontade
que lhe permite fazer escolhas, eleger certos cursos de ação e rejeitar
outros. A educação, portanto, só merece este nome quando é feita de dentro para fora.
Eis a razão pela qual afirmamos que toda educação é autoeducação: A consciência de si e a liberdade humana.
Comentários
Postar um comentário